SIM há muitos ...
Mais que gritar SIM ou gritar Não, mais que anotar os insultos vindos (agora mais atenuados) do campo oposto, importa reconhecer que do lado do SIM também se esgrimem argumentos. É, pois, necessário examiná-los, sobretudo quando vêm de sectores muito próximos dos movimentos altermundialistas: do lado do SIM não estão apenas os banqueiros, as multinacionais e o mainstream político.
Os argumentos brandidos por este SIM são genéricamente três: oposição ao unilateralismo dos EUA do Norte; avanço no desmantelamento do Estado-Nação; internacionalização da crise.
O primeiro argumento é de raiz hegeliana e reconduz à política de blocos. Já tivemos experiência suficiente das suas consequências. Cria-se um monstro em mimese do monstro 'inimigo' e, depois, fica-se dele prisioneiro: enfraquecê-lo resulta na destruição do equilíbrio ... e disso também já temos experiência, veja-se o Leste Europeu pós queda do muro de Berlim (campeiam as máfias, a destruição e a guerra).
Este argumento encerra-nos numa lógica de oposição e conduz-nos à reprodução no interior das relações geradas para o exterior: confronto, mentira, repressão.
Por outro lado, a lógica da UE não é a de resistir à investida dos meios político-financeiros e construir um outro mundo, sem pretensões hegemónicas e coloniais, mas a de partilhar com o 'amigo americano' os despojos dos esmagados; de outro modo, como justificar a subordinação da política de defesa à OTAN e a colaboração com as agências americanas na vigilância e controlo dos cidadãos, adoptando, inclusivamente, uma política policiária similar derivada da noção de guerra preventiva? Exceptuando a questão iraquiana (e mesmo aí importa perguntar bem porquê), em que outros conflitos internacionais a Europa 'humanista' se opôs ao 'barbarismo' estadounidense?
As mudanças constroem-se no dia a dia, resistindo às ordens da Ordem e compondo com os outros relações de paz e liberdade.
O segundo argumento, creio, corresponde mais à manifestação de um desejo que a uma análise das consequências do Tratado. Aliás, muitos dos aspectos mais caricatos e mais negativos do Tratado (como a redução da 'carta dos direitos' a uma mera declaração de princípios ou a rígida imposição de políticas económicas, roubando toda a autonomia aos governos nacionais) decorrem, em meu entender, precisamente da sua incapacidade de superar o Estado-Nação. O próprio facto de se chamar Tratado que Institui uma Constituição o revela: é algo que pretende ser mais que um tratado e menos que uma constituição. Essa incapacidade releva mais de problemas institucionais (que fazer com as monarquias, por exemplo) que do carácter nacionalista dos povos europeus e é necessário atacá-los sem ambiguidades: eu não quero pagar os iates, os banquetes e o ócio dessa gente. Será a cáfila de burocratas instalados na administração da Europa a dizer, muito cordialmente, às famílias reais: os meus caros amigos desculpem lá, mas a malta decidiu prescindir de vocês. Tenham a bondade de abandonar os palácios. É que são património público (ou será que tudo aquilo é propriedade privada e ainda vamos ter de os indemnizar?)...?
O terceiro argumento é, para mim, de difícil compreensão: a crise não é nacional, é internacional e estrutural e a UE não acabou ... nem acabará por via da negação pelas populações dos termos deste tratado. Não estou a ver hordas de jovens nacionalistas em revolta, munidos de baldes de cal e pincéis, traçando fronteiras à pedrada por essa europa fora e declarando pomposamente o carácter nacional da crise: é nossa! é nossa! a crise é nossa!; A crise de Portugal é sem igual; etc.
RA
Os argumentos brandidos por este SIM são genéricamente três: oposição ao unilateralismo dos EUA do Norte; avanço no desmantelamento do Estado-Nação; internacionalização da crise.
O primeiro argumento é de raiz hegeliana e reconduz à política de blocos. Já tivemos experiência suficiente das suas consequências. Cria-se um monstro em mimese do monstro 'inimigo' e, depois, fica-se dele prisioneiro: enfraquecê-lo resulta na destruição do equilíbrio ... e disso também já temos experiência, veja-se o Leste Europeu pós queda do muro de Berlim (campeiam as máfias, a destruição e a guerra).
Este argumento encerra-nos numa lógica de oposição e conduz-nos à reprodução no interior das relações geradas para o exterior: confronto, mentira, repressão.
Por outro lado, a lógica da UE não é a de resistir à investida dos meios político-financeiros e construir um outro mundo, sem pretensões hegemónicas e coloniais, mas a de partilhar com o 'amigo americano' os despojos dos esmagados; de outro modo, como justificar a subordinação da política de defesa à OTAN e a colaboração com as agências americanas na vigilância e controlo dos cidadãos, adoptando, inclusivamente, uma política policiária similar derivada da noção de guerra preventiva? Exceptuando a questão iraquiana (e mesmo aí importa perguntar bem porquê), em que outros conflitos internacionais a Europa 'humanista' se opôs ao 'barbarismo' estadounidense?
As mudanças constroem-se no dia a dia, resistindo às ordens da Ordem e compondo com os outros relações de paz e liberdade.
O segundo argumento, creio, corresponde mais à manifestação de um desejo que a uma análise das consequências do Tratado. Aliás, muitos dos aspectos mais caricatos e mais negativos do Tratado (como a redução da 'carta dos direitos' a uma mera declaração de princípios ou a rígida imposição de políticas económicas, roubando toda a autonomia aos governos nacionais) decorrem, em meu entender, precisamente da sua incapacidade de superar o Estado-Nação. O próprio facto de se chamar Tratado que Institui uma Constituição o revela: é algo que pretende ser mais que um tratado e menos que uma constituição. Essa incapacidade releva mais de problemas institucionais (que fazer com as monarquias, por exemplo) que do carácter nacionalista dos povos europeus e é necessário atacá-los sem ambiguidades: eu não quero pagar os iates, os banquetes e o ócio dessa gente. Será a cáfila de burocratas instalados na administração da Europa a dizer, muito cordialmente, às famílias reais: os meus caros amigos desculpem lá, mas a malta decidiu prescindir de vocês. Tenham a bondade de abandonar os palácios. É que são património público (ou será que tudo aquilo é propriedade privada e ainda vamos ter de os indemnizar?)...?
O terceiro argumento é, para mim, de difícil compreensão: a crise não é nacional, é internacional e estrutural e a UE não acabou ... nem acabará por via da negação pelas populações dos termos deste tratado. Não estou a ver hordas de jovens nacionalistas em revolta, munidos de baldes de cal e pincéis, traçando fronteiras à pedrada por essa europa fora e declarando pomposamente o carácter nacional da crise: é nossa! é nossa! a crise é nossa!; A crise de Portugal é sem igual; etc.
RA
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