Eles ass(ass)inam de cruz...
Segundo o DN, a maioria dos deputados da Assembleia da República (AR) ainda não leu o Tratado constitucional europeu (Costituição Europeia). Apesar de o livro com a versão integral do documento em língua portuguesa já ter sido distribuído há meses pelos gabinetes dos 230 parlamentares, por decisão do Conselho de Administração da AR, foram poucos os que tiveram tempo, paciência e disponibilidade para lerem na íntegra o volume, que reúne em cerca de 200 páginas o Tratado que estabelece uma Constituição para a Europa. O desconhecimento do texto, contudo, parece não os impedir ou inibir de proclamarem maioritariamente o seu inequívoco "Sim"... como fundamentam os seus argumentos parecer-nos-ia um insondável mistério, não estivessemos já habituados aos seus repetidos, repetitivos e vazios clichés politicos... o desafio, a inevitabilidade histórica , a ameaça do isolacionismo - este último, agora com a iminente negativa francesa, já mais esbatido.
O DN contactou mais de três dezenas de deputados em São Bento. Com louvável sinceridade, a esmagadora maioria confessou não ter lido o Tratado. Não falta até quem admita que acabará por nem o ler na íntegra. Isto apesar de estar prevista a convocação do referendo em Portugal sobre o Tratado constitucional europeu, provavelmente já em Outubro.
Só num caso a resposta foi afirmativa Alda Macedo, do Bloco de Esquerda, é a excepção à regra. "Já li o Tratado", confirmou esta deputada, que votará "não" no referendo europeu.
A leitura do projecto de Constituição, que tem 448 artigos, "não foi penosa", esclarece Alda Macedo, que nem sequer integra a comissão parlamentar de Assuntos Europeus da AR. A deputada tem uma visão muito crítica do documento, que na sua perspectiva reforça os poderes do "directório europeu", impondo uma "visão minimalista" dos direitos de cidadania. "Teria sido fundamental a eleição de uma assembleia constituinte, à escala europeia, que mobilizasse verdadeiramente os eleitores", observa.
Alguns parlamentares nem fazem ideia de quantos artigos tem este documento. É o caso do democrata-cristão José Paulo Carvalho. "Um tratado não pode ser lido como quem lê um livro qualquer", justifica este dirigente do CDS, que admite votar "sim" no referendo em nome da construção europeia. "Seria um erro histórico se nos puséssemos fora da União", sublinha.
Podia manifestar a minha indignação perguntando-me para que raio são estes senhores eleitos, o que andam por ali a fazer, ou para que raio lhes paga o Estado um ordenado; mas essa seria apenas uma pergunta retórica. Uma figura de estilo, como eles...
O Cão
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