O Sítio do Também Não

Conta-se que certa vez, Alexandre, o Grande, se deparou com Diógenes na rua e lhe disse: “Eu sou Alexandre, o grande rei”. Ao que Diógenes lhe respondeu: “E eu sou Diógenes, o cão”.

terça-feira, maio 24, 2005

A Europa dos Cretinos por Michel Onfray, filósofo e escritor


    As pessoas que vão votar Não à constituição europeia são cretinas, estúpidas, imbecis e incultas. Têm pouco poder de compra, pouco cérebro, pouco pensamento e poucos sentimentos. Não têm diplomas, livros em casa, cultura nem inteligência. Habitam no campo, na província. São campónios, rústicos, animais, grosseiros. Não têm o sentido da história nem sabem qual o aspecto de um grande projecto político. Ignoram o grande sopro do Progresso. Morrem de medo.

    Em tempos, estes mesmos imbecis votaram não a Maastricht, ignorando que o sim ia trazer o poder de compra, o fim do desemprego, o pleno emprego, o crescimento, o progresso, a tolerância entre os povos, a fraternidade, o desaparecimento do racismo e da xenofobia, a abolição de todas as contradições e de toda a negatividade das nossas civilizações pós-modernas, logo capitalistas, versão liberal.

    O eleitor do Não é populista, demagogo, extremista, descontente, reactivo. É o protótipo do homem do ressentimento. A sua voz junta-se, de resto, à de todos os fascistas, esquerdistas, alter-mundialistas e outros partidários vagamente vichystas da França bolorenta, essa velha lua ultrapassada na hora da feliz mundialização. Dizendo muito claramente: um autonomista é um cão.

    Em contrapartida, o eleitor do Sim é genial, lúcido, inteligente. Tem um grosso livro de cheques, imenso encéfalo, gigantesca visão do mundo, hipertrofia do sentimento de generosidade. É diplomado do superior, feliz possuidor de uma biblioteca de Plêiades novinhos em folha, dotado de um saber sem limites e de uma sagacidade inconcebível, é proprietário na cidade, urbano convicto, parisiense se possível. Tem o sentido da História, de resto, instalou a poltrona no seu sentido e não falha nenhuma das manias do seu século. O Progresso, conhece. O Medo? Ignora. O debordiano Sollers, o sartriano BHL e o kantiano Luc Ferry vo-lo dirão.

    Certamente, aquele que é pelo Sim votou sim a Maastricht e constatou que, como previsto, os salários aumentaram, o desemprego diminuiu e saiu fortificada a amizade entre as comunidades. O votante do Sim é democrata, moderado, feliz, está bem na sua pele, é equilibrado, faz análise há muito. A sua voz, de resto, junta-se à de pessoas que, como ele, abominam os excessos: o democrata-cristão liberal, o chiraquiano de convicção, o socialista mitterraniano, o patrão humanista, o ecologista mundano. É difícil não ser pelo Sim...

    Cidadãos, reflictam antes de cometer algo de irreparável!



    Michel Onfray, in Site du Non


    Traduzido e postado por:

    Rafeiro Alentejano

    2 Comments:

    • At 3:50 da manhã, Anonymous Anónimo said…

      O vaneigeimiano Onfray escreveu BHL ou Bernard Henrí-Levy?

       
    • At 4:19 da manhã, Anonymous Anónimo said…

      pois escreveu BHL, exactamente...
      o link remete para o artigo original, em francês.

       

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